se essa lua fosse minha

Entre ipês e passarinhos

            Enquanto passo pela estrada, os meus olhos se alegram com a paisagem: muitos ipês rosas surgem ao nosso redor!

            Meu marido acha que é a primeira vez que estes ipês estão dando flor… Eles são um espetáculo de beleza! E quem poderá dizer o contrário?

            Até o tapete de pétalas espalhadas no gramado são como um colírio no meio da tarde cansada… E a suave visão de todos aqueles ramos iluminados de cor de rosa, faz os nossos pensamentos ficarem mais leves… E já é outubro e os ipês continuam a enfeitar os nossos caminhos!

             Chegamos até o estacionamento quase lotado e outra pequena e bela surpresa nos aguarda: Um passarinho delicado desfila os seus pulinhos diante de nós dois! É uma “noivinha” que logo nos chama a atenção…

            E sem querer descobrimos o seu ninho, não muito escondido, construído nos galhos de uma pequena árvore bem ali na nossa frente!

          Ficamos admirados com aquele pequeno ninho,provavelmente erguido à custa de muito trabalho da mamãe e do papai passarinhos, bem no meio de um grande estacionamento do aeroporto!

            Enquanto tentávamos tirar umas fotos, mamãe passarinho veio pra ficar de vigia no galho ao lado… “Quem serão esses dois curiosos?”, é o que ela provavelmente pensou! ( Rs… )

            Foi aí que  vimos, num outro galho bem perto do ninho, o filhotinho bonitinho que também nos olhava com desconfiança…Como já estava graudinho e fora do ninho, deveria estar aprendendo com a mãe, as lições básicas dos seus primeiros vôos…

            No retorno à nossa casa, mais lindos ipês nos encantam pelo nosso caminho… Fico sempre me perguntando, “Será que todos os que passam por aqui hoje, estão notando toda essa beleza?”

            Já em casa, contamos à todos sobre os passarinhos e os ipês que vimos… E lembrei-me do nosso projeto de “fazer” várias casas de passarinhos e de plantar uns ipês na nossa rua.

           Bom, as casinhas de passarinhos a gente anda tentando fazer… A nossa última aquisição tem um modelo bem rústico,toda de madeirinha e feita à mão…Batizei-a de chalé dos beija-flores (embora eu saiba que dificilmente esses bichinhos adoráveis venham se instalar por aqui…) !

            Como eu achei que esse pequeno chalé estava meio sem graça e sem cor, dei um “banho” de tintas nele e agora ele ficou mais aconchegante …  

            Bem, até agora, ainda não teve nenhum passarinho com vontade de experimentar o “romântico ” chalézinho… Mas quem sabe um dia as coisas mudam e a passarada resolve mudar essa estória?

            E quanto aos ipês…Temos ainda de esperar, com paciência, pelo término  das obras aqui da nossa rua…

          Enquanto isso… A gente vai levando, e se encantando, com as suas maravilhosas aparições,que trazem poesia e beleza,aos nossos singelos dias!

Mar de outubro

            A tarde se espalha preguiçosa pelas areias brancas da urbana praia.  No céu misto de azul e cinza, as gaivotas fazem os seus vôos rasantes… E a ondas estão agitadas e fortes… É  só mais um outubro na orla da praia da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

            A restinga também se espalha,por sobre as areias mornas…E as suas raízes  fazem uma trama vegetal que oferece proteção ao solo arenoso e instável.  São plantas extremamente resistentes aquele ambiente hostil… Lutam valentemente por sua sobrevivência, em meio ao sol quente, o vento, a falta de água e o sal. São bravos e heróicos vegetais!

            Um olhar mais atento perceberá as suas florzinhas miúdas,mas belas. Apesar de todas as suas dificuldades fisiológicas, as plantas da restinga parecem felizes… E as suas flores diversas, atestam  tal impressão!

            Atualmente, apesar da praia ser muito longa e com uma boa extensão de areia,  a restinga está  diminuindo rapidamente. A luta desta comunidade vegetal está muito além das variações das condições naturais… Pressionada pela expansão humana e a sua voraz urgência, em muitos trechos, a restinga está extremante reduzida. Não há muito espaço e nem cuidados com essa aparentemente tímida formação botânica. É  o preço do tal “progresso”, muitos dirão.

            Mas ela continua ali…  Espremida e mal tratada, entre o mar e o asfalto quente…Resistindo até ao lixo de mal educados banhistas… Eu não disse que elas são valentes?

            E o mar está ali adiante… Testemunha do tempo passado e presente…Ah, se o mar pudesse falar! Imagino as estórias que ele teria para nos contar… Estórias de dias radiantes e de tempestades tremendas….Contos de sereias sedutoras e piratas desumanos…Contos de partidas e retornos… Segredos que só o mar  poderia guardar na imensidão de suas  águas!

            Mas ainda é outubro, e o verão nem chegou… As praias estão mais desertas, salvos uns fins de semana cheios de sol.E as ondas batem com força na areia, com a intensidade dos ventos que vem de muito longe.

            E a gente fica ali na areia, olhando toda aquela amplitude de horizonte. E o nosso olhar se perde, ao acompanhar o barco que segue o seu caminho distante. E não há multidão hoje para perturbar a quietude do momento… A tarde vai saindo levemente, para dar lugar à noite… Os ultimos raios de sol brincam no céu acinzentado  e as pessoas vão deixando a praia vagorosamente.  O mar  com seu jeito eterno, parece nos dizer, não há pressa… Ainda é outubro…

O quadro impressionista

Marie no jardim,1893

            Desde  que o vi…Me encantei por ele!

            Disse pra mim mesma: ” Que quadro mais lindo!”

           E a tela colorida ficava  me ” acenando” lá de um stand de vendas do Aeroporto Internacional Tom Jobim,aqui no Rio de Janeiro. A vendedora prontamente me disse que estavam em liquidação…E que o preço estava pra lá de bom…Talvez uns cem reais nos dias de hoje. Pensei na oferta tão convidativa…E o quadro silenciosamente me chamando… Não deu pra resistir muito e acabei levando-o pra casa. E eu estava feliz como uma criança…

                     Queria colocá-lo de frente para a porta de entrada da casa,mas não deu… E tive de achar um novo cantinho pra ele, uma parte da parede que segue em direção ao corredor dos quartos. Deixei-o alojado bem encima de um pequeno e solitário sofá, cuja cor combina com ele. E , na mesma hora, o lindo quadro iluminou aquele ambiente…

                      Mas eu não sabia ainda quem era o autor do quadro (a vendedora apressada não soube dizer) e muito menos quem era a moça de silhueta suave, que docemente enfeitava a cena do jardim.

                     Passei muito tempo me questionando sobre isso e comecei a pesquisar na internet…Até que um dia, encontrei-o num catálogo de vendas de pinturas!  E acabou o mistério! O nome do autor era o pintor noruegues, mas criado na Dinamarca, Peder Severin Kroyer.

Auto-retrato de Peder Severin Kroyer

            Assim como  Monet , Renoir e tantos outros fantásticos pintores  impressionistas, Kroyer se destacou como um dos mais conhecidos e mais coloridos pintores do seu grupo, a chamada comunidade de Skagen. 

               Muitos pintores nórdicos se reuniam no pequeno e distante vilarejo de pescadores de Skagen, no extremo norte da Dinamarca, e Kroyer era o líder não oficial do grupo. Ele pintou lindos quadros  por lá, retratando a vida local desta pequena vila junto ao mar. E viveu maravilhosos dias de primavera e verão,caminhando por suas praias. 

Peder Kroyer e sua esposa,1899  (as praias de Skagen na Dinamarca)

            Depois de descobrir isso tudo, cheguei a identidade da moça que suavemente está eternizada no belo quadro…Ela se chama Marie e é a bela esposa do pintor. Ele a pintou também em outros quadros. E o jardim iluminado certamente é o da  casa deles em Skagen.  

 Marie Kroyer,1890

            O impressionismo foi um movimento artístico que ocorreu no final do século XIX  na Europa. E o nome tem a sua origem  na obra “Impressão, nascer do sol” ( 1872) de Claude Monet, um de seus maiores pintores. O impressionismo  buscava a alegria da luz e do movimento, em forma de pinceladas rápidas que traduzissem o momento. Seus pintores amavam pintar ao ar livre. São muito famosas as pinturas de Monet e de seus jardins.

            Eu mesma já conhecia alguma coisa sobre os impressionistas…Mas nunca havia escutado falar de Kroyer  e sua dinamarquesa Skagen!

Mulheres e pescadores em Hornbaek,1875

            Mas sem dúvida, foi a beleza natural do quadro de Kroyer  e a sua doce Marie que me trouxeram até aqui. Impossível não gostar deste quadro tão impressionista na sua alma,que nos leva a entrar como um visitante ilustre neste suave jardim.

Outro lindo quadro de Kroyer: As meninas Benzon,1897

            E fico até hoje encantada com este nosso quadro impresionista e o seu jardim florido… E enquanto a vida passa com todas as suas águas imensas, a doce Marie sempre estará ali, sentada, lendo , e aquecendo os corações de todos que a veêm…

O quadro de Kroyer, Marie e seu jardim, na parede da nosa casa ( 2010)

O Jardim Secreto

            Existe escondido em nosso quintal,um jardim secreto, onde habitam seres extraordinários… Não muito longe dos nossos olhos e além da nossa imaginação!

           Este jardim fabuloso guarda muitos mistérios e surpresas,que certamente passam despercebidos dos olhares menos atentos… Mas basta prestar um pouco mais de atenção, para se descobrir pequenas e fascinantes criaturas,que são personagens vivos desse grande teatro da vida!

             Caminhando por entre os “camarões” floridos,  vou ao encontro de uma dessas pequeninas criaturas: Um belo exemplar de lagarta de fogo,que distraída se alimenta de suculentas folhas…

            E indo mais um pouco adiante, deparo-me com uma “comunidade” de belos  cogumelos de chapéu, que se estabeleceram em uma reentrância de um galho da nossa amendoeira gigante. Apareceram num piscar de olhos, após as primeiras chuvas da primavera.

           Continuo em minha jornada curiosa e pelo som que escuto,aguardo para ver o brilhante artista: Uma cigarra grande e formosa ,que logo aparece sobre mais um dos galhos da frondosa árvore!

            As cigarras começaram a sua cantoria há poucas semanas, e com o início de dias mais quentes e longos,se preparam para o seu concerto anual,durante o qual, enchem o ar com seus sons altos e inconfundíveis, anunciando lindos dias!

             Tempos depois, chego um pouco atrasada, para assistir ao maravilhoso espetáculo: A borboleta amarela,de suave beleza, rompe o seu casulo cor de rosa e renasce para a vida!

          É o grande espetáculo da vida que se renova e nos encanta,com os seus mínimos detalhes… Quem será capaz de não se emocionar com esta  delicada e milagrosa cena,em que a desajeitada aparência de lagarta dá à luz a um alado ser de trajes tão belos?

             E os meus passos continuam à procura de outros seres que se escondem da nossa desatenta visão… E me encontro agora,no meio das helicônias que já floresceram… E me assombro com a quantidade de pequeninas abelhas douradas  que voam  sobre elas!

 

            Mais abaixo, descubro o endereço dessas minúsculas abelhas… Uma colméia com entrada em forma de tubo, é o abrigo seguro dessas grandes operárias do mel.

           Essas gentis abelhinhas não possuem ferrão e são dignas representantes das abelhas tipicamente brasileiras… Não oferecem nenhum risco aos seres humanos e produzem um gostoso mel. São conhecidas pelo nome de Jatí ou Jataí. 

              Mas enquanto observo as atividades das nossas abelhinhas simpáticas, ouço um som leve, que vem das águas da piscina de casa… Nem preciso pensar muito pra adivinhar a origem dos sons…  

            Sim,tinha que ser um deles!

           Apenas mais um dos nossos amiguinhos sapos que moram pelo quintal!

         De vez em quando, atraídos pelo encanto das águas, acabam indo parar dentro da nossa piscina… E não conseguem sair!

       Daí vem a ajudinha humana, que nessas horas entra para dar uma “mãozinha” aos pobres e iludidos sapos… O resgate vem através de uma grande puçá, que logo os libera à terra novamente… É claro que eles nunca nos agradecem…Nem olham pra trás e saem pulando rapidamente em busca de seus esconderijos …

                 Assim é um pouco dessa vida no nosso jardim secreto…Pulsante e de pequeno tamanho, mas com grandes emoções! 

             E para descobrir esses seres minúsculos, porém de imensa poesia e encantos, é só ter um tempinho  pra gente mesmo…Caminhar bem devagar em meio a natureza que temos ao nosso redor, e prestar mais atenção no que está além de uma simples observação rotineira… E certamente assim, sempre havemos de descobrir algo que nos traga alegria e contentamento… E depois é só relaxar, voar nos pensamentos e escutar com mais cuidado, as  canções que vem no vento…

A Doce Cabana

            Sim,posso dizer que nós vivemos ( eu e o meu marido) nesta pequena e bela cabana… Mas por 3 dias somente! (Rs…)

           Na realidade, ela faz parte de uma charmosa pousada que fica em Maringá ,cidadezinha serrana, localizada entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Emoldurada por montanhas azuis , ainda é reduto de mata atlântica ( ali já mais caracterizada de floresta de altitude) e  passagem das águas límpidas e frias do rio Preto.

            Estivemos por lá há 2 anos atrás, por ocasião de nosso aniversário de casamento. E foi um passeio tão delicioso que até hoje lembro com saudades… E aproveitando que esta semana agora estaremos comemorando mais um ano de casados, resolvi recordar aqueles dias de encanto…

            Então, vamos até a porta da doce cabana…E que porta! Tanto ela como toda a cabana,foi construída de uma forma bem artesanal,  basicamente de madeira e pedra, imprimindo em tudo, um ambiente de aconchego e de uma genuína beleza rústica…

             Lá dentro tudo é arrumado e decorado pra garantir esse mesmo clima aconchegante: Sofá fofinho e muito florido,cortinas de rendas, enfeites de madeiras e muitas flores!

           A lareira se destaca logo na entrada e fica no espaço que divide a pequena sala e o quarto.  A cama de ferro estava toda arrumadinha,com ededrom  florido de um tipo bem quentinho, e com muitos travesseiros… Pena que na época não tiramos fotos dela! E as paredes eram todas decoradas com pequenos quadros de fotos que os donos da posada trouxeram de uma viagem à Grécia.

            Como era outubro, os dias estavam frios e é claro que tivemos de usar a lareira… E lembro que tivemos de jantar uma noite lá na nossa cabana,pois estava chovendo e tinha esfriado muito lá fora. Mas até isso foi bom,pois tivemos a oportunidade de curtir o nosso jantarzinho de forma muito romântica,ou seja,à luz de velas!

            Esta pousada realmente é muito especial, e voltada para o descanso de casais . Lá você nem se preocupa com o horário do café da manhã… Você mesmo faz o seu horário! Mas é claro que ninguém vai querer ficar na cama até muito tarde e perder os passeios que podem ser feitos por aquela bela região serrana.Cachoeiras,artesanatos e magníficas paisagens,nos surpreendem pelos seus caminhos. A própria pousada oferece várias formas de lazer,entre piscinas,sauna,salão de jogos e de leitura. Verdadeiramente,é um lindo lugar pra se esquecer do mundo e da correria da vida lá fora…

             

 

             Sem dúvida, os três dias que passamos lá nossa pequena cabana,foram muito especiais… Como ela era afastada dos chalés e das outras instalações da pousada, a impressão que tínhamos é a de que estávamos bem longe do mundo,ali escondidos no meio da mata. E todo aquele sossego e privacidade, só nos fez estar mais próximos um do outro e da natureza ao nosso redor…Os sons dos bichinhos e dos córregos ao redor,  enfeitaram ainda mais a beleza daqueles  dias…

             O nome da pousada é ” Verde que te quero ver-te” e ela fica em Maringá, próximo à Visconde de Mauá, que como eu disse, se localiza na região serrana do estado do Rio de Janeiro… E eu não estou fazendo nenhuma propaganda pra eles não…Os donos talvez nunca saibam que eu falei deles aqui no post…Mas tudo o que eu disse, veio do meu coração e das lembranças bonitas que trouxemos de lá e dos nossos dias naquela doce cabana… Agora que estaremos completando outro aniversário de casamento, começo a comemorar com estas recordações singelas, mas importantes,que fazem parte do nosso caminhar a dois…E agradeço a Deus esta benção que tem sempre sido a nossa união,recheada de muito amor, aventura,companheirismo e muitos sonhos!

Minhas crianças

            Amo crianças. As pequenas, as grandes…De todas as idades e tamanhos.

             Amo estar sempre perto delas.Vê-las brincando,rindo,correndo,pulando…E adoro ouvir as suas risadas gostosas e suas conversas engraçadas!

Meu filho Daniel com 8 anos

            Poder observar crianças crescendo e descobrindo o mundo ao redor,é um privilégio imenso. Sei que muitas pessoas nem param para refletir sobre isso…Criam e convivem diariamente com seus filhos, sem saber saborear as delícias do mundo encantado da infância.

Meu filho David com 1 aninho

            Adultos engessados e estressados pela rotina dura do seu dia-a-dia,perdem muitos nomentos mágicos do caminhar de suas crianças. Momentos iluminados,que às vezes, ficam perdidos para sempre… E não há brinquedo caro ou roupinha nova da moda que substitua  o companheirismo de um pai ou de uma mãe…

            E o que  pode ser mais extraordinário do que uma criança? Só os seus olhinhos resplandecentes  conseguem ver poesia e pura alegria, diante de um pequeno saco de coloridas balas jujubas!

David e minha sobrinha Vitória

            Crianças são seres incansáveis em brincar e mutantes em seu sonhar…Um dia, o menino esperto acorda e vira o “homem-aranha” e sai saltando pela casa toda…A menina meiga e sonhadora veste o vestido da “Branca de Neve” e sai bailando pela sala!

            E só o coração de uma criança consegue se encantar com a bolha de sabão que flutua leve pelo ar … E grita forte quando vê o besouro fosforescente  caminhando desajeitado pelo chão!

Os irmãos juntinhos : Daniel e David

            Crianças adoram sol,sorvete  e banhos de piscina…

           Gostam da chuva, pipoca, e poças de lama nas ruas!

          Adoram se lambuzar com bolo de chocolate e brigadeiro,

          Brincar no pula-pula e na piscina de bola até cansar!

         Desenham casinhas, cachorros,árvores,carros,foguetes e arco-íris coloridos…

        E fazem  de cada dia, uma nova aventura!

Nossas amadas crianças…

            E eu amo essas nossas crianças!

           Amo as crianças de todas as idades e tamanhos…Amo até aquelas que já passaram dos 20,30,40,50,60 anos ou mais! E sei que escondidas, bem lá no fundo, de cada coração de adulto, essas crianças estão mais vivas do que nunca… E são elas que  ainda nos fazem ter esperança no mundo… E que continuam nos fazendo sonhar e sorrir!

Minha sobrinha Juliana, sonhando, no colinho da mãe…

                        Feliz Dia das Crianças pra todos nós!

Nossos ilustres visitantes

            Quem passa frequentemente pela nossa rua, já está acostumado  com eles. Para aqueles que nunca passaram por essas redondezas, vê-los é sempre um motivo de encantamento.

            Os micos estrelas são verdadeiras atrações  deste lugar. Pequenos em tamanho,mas muito espertos em seus movimentos acrobáticos, roubam a cena quando aparecem em grupo, andando sobre os fios  da rua  ou saltando pelos galhos das árvores. É quase impossível  a gente não parar e dar uma “espiadinha” ao vê-los alegremente passarem…

            De vez em quando, aparecem no nosso quintal e com seus assovios finos, anunciam a sua chegada. E sempre vem em grupo familiar grande,variando de 9 até 12 integrantes. Ficam lá nos galhos altos da nossa amendoeira gigante, olhando sempre meio desconfiados pra nós. Mas logo a aparente desconfiança se dilui ao avistarem algumas apetitosas bananas em nossas mãos. E mais que depressa, o grupo corre em direção ao galho mais baixo,animados com a real possibilidade de mais uma doce refeição aqui de casa.

            Esses pequenos primatas são encontrados  por toda essa área onde vivemos. Escondem-se nos trechos de mata que ainda resistem por aqui, e vivem perambulando de árvore  em árvore,à procura de frutas e ovinhos de passarinho. E nem lembre isso aos sabiás laranjeiras,que quando notam a presença brejeira deles,correm rapidinho pra defender os seus ninhos!Mas também não podemos culpar os macaquinhos…É apenas o caminho da natureza,onde não existe vilão e nem mocinho.

            E desde o início que viemos morar aqui, esses micos simpáticos são sempre sinônimo de beleza e alegria. As pessoas que nos visitam ficam encantadas em poder olhar esses pequenos animais de perto. As crianças ficam entusiasmadas e querem ficar o mais próximo possível dos bichinhos. Têm também aqueles mais medrosos ( ou serão traumatizados? ) que pensam que os micos vão pular em cima deles à qualquer momento ( Rs…). Mal sabem esses, que basta um movimento mais brusco ( interpretados  como ameaçador) e os miquinhos pulam bem rápido…Pra bem longe da gente! ( Rs… )

            Embora todos aqui de casa já estejam acostumados com esses ilustres visitantes do nosso quintal, a chegada deles na nossa amendoeira é sempre um motivo de contentamento pra nós. E fico muito contente ao andar pela rua e vê-los saltitantes em seus caminhos…E frequentemente, nos preocupamos com o destino deles… Assistimos ao ritmo rápido da expansão imobiliária e suas sequelas ambientais. Os quintais dando lugar à prédios que espremem pessoas e não respeitam o meio ambiente ao redor…As matas sendo engolidas pela urgência de um tal “progresso”… Pessoas anestesiadas pelo consumismo desenfreado…

            Mas quero pensar que ainda há esperança! Que ainda há de sobrar um lugar por aqui pros nossos miquinhos brincarem e as nossas futuras gerações se encantarem com eles. Então,  os adultos ficarão emocionados com a graciosidade deles, e poderão fazer de conta, que são crianças outra vez…

Mousse de manga da lua

                    Basta a gente andar por ai e olhar as árvores ao redor,pra logo constatar a doce realidade: As mangueiras já estão bem floridas e  muitas delas já estão cheias de pequenas mangas recém nascidas!

               Para os amantes  e  simpatizantes desta fruta suculenta, está chegando a hora de saborear muitas manguinhas  deliciosas.

              Diz-se que a manga é originária do continente asiático, e que chegou no Brasil lá pelos tempos das caravelas. Mas ela se ambientou tão bem neste lado dos trópicos, que hoje é mais do que nunca, uma fruta brasileiríssima.

             Quem não tem nenhuma lembrança do tempo de criança carregada por uma pequena manga na sua memória ? Confesso que nunca tive grande paixão por essa fruta, mas não esqueço de algumas mangas “carlotinhas” saboreadas no quintal da casa de uma amiga há muito tempo atrás…Manga pra mim tem certamente gosto de infância e alegria, e aquela sensação única de liberdade no paladar. Seu gosto exótico e forte sempre acaba conquistando os paladares mais refinados…

                  Manga espada, carlotinha,rosa…Seja qual tipo for, a manga mexe com a imaginaçao da gente, e pode ser apreciada em diferentes tipos de receitas. E é sempre  um sucesso!

               Uns dias desses atrás, vi umas mangas belíssimas num mercado aqui perto de casa.  Eram grandes,rosadas e muito perfumadas… Não resisti e acabei trazendo-as pra casa. É verdade que temos uma mangueira enorme no terreno atrás de onde moramos,mas como ela ainda está ensaiando as suas manguinhas, o jeito foi “importar” as frutas.

                 Então, para fazer uma mágica e torná-las mais charmosas, resolvi fazer  um belo mousse com as lindas mangas.

               E a estória da transformação foi simples assim: A gente lava bem as mangas ( eu usei pra essa receita 4 mangas médias) e as coloca dentro de uma panela grande, cobrindo-as com água. Isso quer dizer, com casca  mesmo. Daí,deixamos as mangas cozinharem na água por mais ou menos uma meia hora… Quando elas estiverem bem cozidinhas, as cascas delas vão rachar. Então,tiramos toda a água quente e colocamos  as frutas pra esfriarem num prato. Depois de frias , começa a parte mais “chatinha”… É que a gente precisa tirar toda a casca delas e retirar as polpas com o auxílio de uma faca.  Jogamos os caroços e as cascas fora,é claro, e  temos de passar toda aquela polpa retirada por uma peneira. Esse processo de peneirar é preciso para que a peneira retenha todos aqueles fiapos que existem misturados na polpa da manga. 

 

Era uma vez 4 mangas  bonitas…

Que viraram um delicioso mousse !

                   Depois, fica tudo bem mais fácil…Colocamos  toda a polpa cozida  dentro do liquidificador e adicionamos 1 lata de leite condensado e 1 lata de creme de leite . Daí é só bater bastante até virar aquele creme denso e homogêneo….Então colocamos no congelador  por algumas horas , até ele endurecer e ficar parecendo um sorvetinho… E aí  é só provar  e se sentir muito feliz!!!!

                 Nós aqui em casa, gostamos do nosso  mousse assim, com carinha de sorvete… Mas quem curtir aquele jeito mais “mousse” de ser, é só acrescentar antes um pacotinho de gelatina sem sabor ( diluída em um copo de água morna) na mistura que vai ser batida no liquidificador , daí o seu mousse pode ficar na geladeira  e vai ganhar uma consistência mais aerada .

                    Bom, dai todo mundo vai perguntar porque  o meu mousse é da lua… É que segundo o meu filho mais velho, esse mousse é tão gostoso que quando a gente prova, parece que está lá no meio das estrelas… Mas como eu sou suspeita no assunto, eu digo que se a gente provar o mousse e não se sentir nas estrelas,pelo menos a gente terá chegado à lua !

          Bon apetit pra todos os que se aventurarem!

Um lugar na Serra

                  Sei que existe um lugar na serra pra gente ser feliz. Um lugar não muito distante desta cidade grande e agitada…Um lugar de aconchego para as nossas almas cansadas e inquietas.  Entre o verde perfumado da mata e o azul de paz das montanhas altas,este lugar existe e espera por nós.

                       Amo esta cidade aonde nasci  e vivo até hoje. Amo  o seu rosto esculpido pelo vento e o mar, e o seu jeito carioca e bem humorado de viver… Nem sei se existe cidade mais bela!  E nem lhe negará isto o estrangeiro viajante, ao se debruçar pela paisagem deslumbrante do alto do Corcovado e de seu Cristo Redentor!

                    Mas sinto o chamado silencioso da serra e de suas montanhas imensas… Sinto  vontade de estar em lugares altos e sentir-me imersa na sua indefinível amplidão! E os meus pensamentos vagueiam em meio a mata fechada e os seus rios encachoeirados… Será apenas vertigem da montanha ou pura ilusão?

                    Reflito sobre isso,enquanto muitas paisagens serranas passam pelos meus olhos  e recordo de tantos passeios deliciosos que fizemos pelas serras do estado do Rio de Janeiro…Petrópolis,Teresópolis,Friburgo e tantas outras cidades escondidas no alto das montanhas.

                       Quando morávamos num apartamento alto,no sétimo andar de um prédio imenso, tínhamos vista para o fundo da baía da Guanabara e suas montanhas azuis que emolduravam o nosso horizonte. Nas noites claras, sem nebulosidade, a gente olhava em direção aquelas montanhas e coseguiamos ver as luzes das cidades lá do alto da serra… Elas flutuavam naquela escuridão do céu e eu sempre dizia pro meu marido que elas pareciam cidades celestiais!Era muito bonito de se ver…

                  Mas sempre era tão bom sonhar em estar por lá! Respirando aquele ar puro e mágico que nos encanta…

                    É sempre bom escutar as canções que vem dos seus rios, que descem tranquilos em busca do mar. É bom olhar os vales lá embaixo e sentir o vento contar estórias de um passado muito antigo , estórias guardadas em suas pedras, rochas soberanas,que desafiam a gravidade e nos faz querer voar!

               Eu e o meu marido sempre estamos sonhando com aquelas montanhas e sei que, de algum modo, elas estão sempre nos esperando também. E em algum cantinho da serra tem um lugarzinho bonito que é nosso. Um cantinho pra gente fazer uma nova casa , plantar e colher muitos frutos… Um lugarzinho pra acolher a nossa família e os nossos amigos…Um refúgio de muito verde e azul! Só nos resta descobrir o caminho  no meio das pedras amigas…

Flores que cantam

              As flores do nosso quintal sempre nos encantam e enchem os nossos olhos de beleza e cor.

             São flores de diferentes tamanhos,formas e cores. Algumas perfumadas, e outras tem um perfume secreto que só os mais delicados insetos podem sentir.

            Algumas são vistosas e exóticas… E tem aquelas que nos conquistam pelo seu tamanho e desenho delicado. E são todas irmãs de uma mesma família :  Milagres nossos de cada dia!

                        Um dia desses, brinquei com as minhas sobrinhas e o meu filho menor,dizendo que eles estavam fazendo tanto barulho que nem dava pra escutar a conversa das flores…” Como vou saber o que as orquídeas estão conversando hoje ?” Falei ,disfarçando o sorriso.

               A menorzinha foi logo acrescentando,” Tia, hoje elas não estão conversando não…Hoje elas estão cantando, não tá ouvindo?”

                Entrei na brincadeira e disse,fingindo seriedade,” Mas eu não estou entendendo a música…” E a espertinha arrematou a estória: ” É que elas cantam na língua delas…A língua das flores! ”

               Fiquei rindo muito daquela estórinha nossa…Mas fiquei imaginando se as teorias da Física Quântica não diriam que as plantas emitem sons inaudíveis aos ouvidos humanos…Que só poderiam ser ouvidos ,assim como acontecem com certos perfumes , por determinados insetos polinizadores. Afinal de conta, as flores têm muitos recursos para atrair estes bichinhos,tão importantes para o ciclo de vida das plantas.

                 Depois desse episódio com as crianças, às vezes fico lá no quintal,admirando aquelas flores tão queridas… Fecho os olhos por uns segundos, imaginando aquele “coral” inaudível  de pétalas…E quando a brisa fresca balança  as flores, eu quase ouço as suas vozes… Um sorriso encantado me escapa e digo baixinho pra mim mesma…Sim, elas cantam!